TRIANGULAR
- Tim Marçal
- 15 de jun. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2024
Parece que foi outro dia que eu achava que aprender violão nem era possível pra mim. Depois, que aprender com 20 anos era tarde demais. Nisso, já se foram 14 anos e até hoje não sei improvisar. Apesar de eu não ter treinado como eu poderia, eu não parei de tocar, de compor, de criar. O improviso no cantar e no escrever, aí sim, "cada vez mais mais", como dizia vovô Paulo.

"Tanto anos achei tudo tão impossível". Essa foi a primeira frase que eu joguei pra minha primeira parceria com o meu mestrão da música. Não foi ontem que eu fui atrás do Ben-Hur pra ele me ajudar a começar a compor, já tem 10 anos isso. O Ben me enxergou e me puxou pra perto. Eu fui. No Violão e Nós, com o Nesh, Felipe, Nino, Esdras e Lucas. Depois, eu e ele, de canoa. A vida foi mostrando suas curvas. A gente sonhou junto muita coisa. Com certeza existe o Ben em tudo que eu canto.


O Sarau do Desjejum, organizado por nós no Parque Lagoa do Nado, foi meu primeiro palco, e o lugar que me fez perceber que quando a música toca na alma de uma única pessoa, é o bastante. Algumas personalidades que passaram por aquele palco aberto, ou por aquelas cadeiras pesadas de carregar, estão no meu canto.


Quando a Canoa de Lua deixou de ser meu plano de vida, eu só sabia que o dinheiro tinha que estar fora da direção e que eu iria ter que me virar em dois. Na Canoa, o Ben arranjava todos os instrumentos (com alguns poucos pitacos meus, de língua) e eu mexia com as partes tecnológicas.
Até 2021, eu nunca tinha feito o arranjo de uma música completa, com violões diferentes, ukulele, viola, baixo, percussão, solos. Eu nem sabia nada de baixo. Pensei: "ah.. vou cantar tudo na minha cabeça, e na hora eu me viro pra gravar". Era isso. Eu já tinha os microfones e o resto dos instrumentos, faltava comprar o baixo. Mandei mensagem pro Nathan Morais me salvar uma indicação e comprei. Saiu, então, a minha primeira faixa única: A Música Inacabável; depois Se Flor e Estrelas Tantas. Pro álbum, peguei um video na internet e emendei a construção de algumas placas acústicas.



Hoje, eu tô aqui finalizando meu primeiro disco solo, totalmente composto por mim (uma em parceria com o Ben). Produzido, arranjado, gravado, mixado, masterizado... por mim. Eu podia ter chamado muita gente foda que eu conheci pelos saraus, na Bituca, na UFMG, pra criar e gravar os instrumentos (que eu pouco domino). Mas dessa vez não (com certeza nos próximos). Eu precisava ver onde ia desembocar toda a música que jorrasse de mim. Ver se eu seria capaz. Hoje, a música me torna capaz. Eu consegui.

Querer fazer toda a produção do álbum sozinho, não me impediria de ter algumas participações no vocal. Tinha que ter uma com o Ben-Hur, claro, uma com meu amô Joice Reis, e entraria por minha faixa única já lançada, Se Flor, minha ex-aluna Iolanda (13 anos à época).


Este disco que nasce pode ter sido produzido por um só, mas é fruto de muitos encontros abençoados, com músicos e produtores que me inspiraram e inspiram. Vou citar alguns nomes com o risco de minha cabeça tão esquecida falhar mais uma vez: Ben-hur de Oliveira, Raphael Nesh, Caetano Nunes, Felipe Assunção, Esdras Haendel, Lucas Antunes, Flávio Tikim, Miberê, Shirley Morandini, Joice Reis, Nunes Nuñez, Caio Braga, Lucas Ucá, Bruno Cee, Lucca Paris, Rafael Ferreira, Aquele Hugo, Felipe Bedetti, Marcus Lopes, Gustavo Vaz, povo do Coral da FALE, Carol Vilhena, Gabriela Oliveira, Eduardo Teixeira, os bituqueiros Matheus Mará, Maria Zanuncio, Nicolle Bello, Victor Nunes, Rojan Gabriel, Nathan Morais, Lygia Santos, Lucas Guida, Roberta Terror, Artur Araujo, Lido Loschi, Carolina Damasceno, Andrea Amendoeira, Pitagoras Silveira, Ronaldo Pereira, Ian Guest, Felipe Moreira, e tantos outros da bituca que se eu for citar, isso vai ficar enorme. Ramon Reis, Carlos Otto, Mauricio Ribeiro, Iolanda, Daniel Bahia, Sara Oliveira, meus amados colegas e alunos da Daniel Bahia Escola de Música, e tantos, tantos outros.




Este trabalho também é fruto de todo apoio que recebi de meus amados familiares e amigos, que estiveram sempre comigo, me mandando seus retornos, compartilhando, apoiando nas campanhas de passada de chapéu, me cobrando músicas novas, me incentivando a continuar. Eu agradeço imensamente a todos.
Dedico um agradecimento especial ao meu amado amigo Rafael Santana. Por meio de seus olhos surgiu a foto que se tornou a capa deste trabalho, tirada no ano de 2014 em uma de nossas viagens pra roça de sua família. Eu guardei a fotografia com o mesmo carinho que aquela família incrível me dedicava, nos dias incríveis que passei por lá, e sempre pensando que um dia ela seria a capa de um álbum.
É isso. Triangular está pronto. Já mandei tudo pras nuvens. Não vejo a hora dessas músicas choverem no mundo. 29/06/24 é o dia. Se disso uma semente germinar... valeu! Pleu!
Tim Marçal
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